quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

FRAGILIDADES, DE GENOVEVA PONCE

Noites

Na noite aberta,
agarimoso e, por uma vez,
a toda a voz se estende
o canto dum desvario.

Sabedoria de esquecimentos e lembranças,
almofadas para arrolar
aqueles poemas anônimos.

Sem rotas

Ostentar o teu nome
em todas as esferas
embora não possa reclamar-te,
embora, como qualquer tarde,
as tuas rotas fiquem cobertas de areia,
pois não voltará a tua palavra milagre
e irão embora com o vento teus segredos

Cumplicidade

A este sonho falta-lhe cumplicidade
feitura perfeita,
asas dispostas.

Ainda lhe pesam medos
sombras de outrem
e mais alguma quimera.

A este sonho falta-lhe cumplicidade
sentido infinito
sentirmo-lo de nosso
como se fosse um filho
como se fosse possível.

Perpetua-te

Perpetua-te em mim
como calendário eterno,
como mundo,
como universo,
como vida e como morte


© Texto: Genoveva Ponce
© Tradução: Xavier Frias-Conde