sábado, 13 de setembro de 2014

DOUS POEMAS MAIS DE CHRISTINA ROSSETTI




I

The hope I dreamed of was a dream,
Was but a dream; and now I wake
Exceeding comfortless, and worn, and old,
For a dream’s sake.
I hang my harp upon a tree,
A weeping willow in a lake;
I hang my silenced harp there, wrung and snapt
For a dream’s sake.
Lie still, lie still, my breaking heart;
My silent heart, lie still and break:
Life, and the world, and mine own self, are changed
For a dream’s sake.

A esperança com que sonhei era um sonho,
apenas um sonho, e agora desperto
afeito desacougada e esgaçada e velha
por mor dum sonho.
Penduro a minha harpa numa árbore
um salgueiro chorão num lago.
Ali penduro a minha harpa esvaradia e quebrada
por mor dum sonho.
Sossega, sossega meu rompente coração
Meu calado coração, sossega e rompe:
a vida e o mundo, o meu próprio eu mudaram
por mor dum sonho.

II

When I am dead, my dearest,
Sing no sad songs for me;
Plant thou no roses at my head,
Nor shady cypress tree:
Be the green grass above me
With showers and dewdrops wet;
And if thou wilt, remember,
And if thou wilt, forget.


I shall not see the shadows,
I shall not feel the rain;
I shall not hear the nightingale
Sing on, as if in pain:
And dreaming through the twilight
That doth not rise nor set,
Haply I may remember,
And haply may forget

Quando eu morrer, meu caro,
não cantes cantigas tristes por mim,
não plantes rosas na minha cabeça,
nem sombrios alciprestes:
hás de ser erva verde sobre mim
con poalha e pingas de orvalho molhadas.
E lembra, se quiseres.
E esquece, se quiseres.


Não verei as sombras,
não sentirei a chuva,
não ouvirei o rouxinol
sempre a cantar, como se tivesse dores:
e sonhar pelo ruivém
que nem se ergue nem desce
e talvez me lembre
e talvez me esqueça.
Texto: Christina Rossetti
Tradução: Xavier Frias Conde

Audio version of When I am dead here

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